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Entrevista | Fernando Marcondes diz que, sob crise, Bolsonaro faz gestão eficiente com Paulo Guedes

Por: Marcos Schettini
05/04/2020 17:57 - Atualizado em 05/04/2020 17:57
Arquivo/LÊ

Empresário e investidor do ramo imobiliário e turístico, Fernando Marcondes de Mattos acompanha o cenário nacional há 60 anos, quando mergulhou na vida pública como assessor econômico do então governador Celso Ramos. Observando um dos cenários mais difíceis para economia global das últimas décadas, o idealizador do Costão do Santinho vê saídas para funcionamento regular da economia, embora todas as necessidades de competência sanitária.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, Fernando Marcondes, que foi chefe da Fazenda de Santa Catarina nos anos 90, falou sobre o impacto na cadeia produtiva do turismo, disse que Paulo Guedes é ministro chave neste momento e que, segundo ele, gestão eficiente com Bolsonaro tira o Brasil do caos completo. Confira:


Marcos Schettini: Qual o tamanho desta crise no setor turístico?

Fernando Marcondes de Mattos: Perda avassaladora. As empresas de aviação e as agências de turismo quase viraram pó. Os hotéis, bares e restaurantes vão ter perdas gigantescas. Sem dúvida vai ser o pior ano do setor turístico desde quando passou a se apresentar como um elo importante na economia brasileira.

A cadeia produtiva do turismo envolve cerca de cinquenta segmentos, portanto, o prejuízo lá em cima se alastra alcançando o taxista, o músico, a decoradora, o vendedor de picolé.

O estrago será muito grande, tudo isso estimando-se dois meses e meio perdidos – parcialmente março, abril e maio. Se a crise perdurar, ninguém se arrisca a desenhar um cenário.



Schettini: Quais enfrentamentos estão sendo feitos para manter, por exemplo, o Costão do Santinho de pé?

Fernando Marcondes de Mattos: Tivemos que encolher nosso quadro de pessoal de 1000 para 800 colaboradores. Reduzir a jornada de trabalho em 70% nos meses de abril, maio e junho. Adiantar férias e gerir bem o banco de horas. Sem receitas devido ao fechamento do empreendimento, nosso planejamento busca priorizar o caixa para a folha de pagamento dos colaboradores.

Esperamos operar normalmente em julho próximo, acreditando que o Brasil volte ao normal no segundo semestre, este com taxa positiva de crescimento.

O Brasil mergulharia no caos não fosse a gestão eficiente do Governo Bolsonaro. Tanto na área da saúde quanto na área econômica, esta capitaneada pelo ministro Paulo Guedes e uma enxurrada de assistentes de altíssimo nível.


Schettini: Em sua experiência de vida, o que vê de tudo isto?

Fernando Marcondes de Mattos: Acompanho a vida nacional há 60 anos, desde quando era assessor econômico do lendário governador Celso Ramos. Minha sala ficava no próprio palácio do governo, hoje museu Cruz e Souza.

Poderia escrever um livro, passei por muitas ansiedades, dissabores, perdas e injustiças que criaram em mim uma crosta de proteção. Com isso consigo navegar com relativa tranquilidade, qualquer que seja a tempestade.

Estou sentindo na carne as perdas do Costão com esta crise, mas não me abalo, embora me entristeça. Me preocupo com as consequências da crise sobre nossos colaboradores, tanto do ponto de vista da saúde e bem-estar, quanto do ponto de vista econômico, inclusive porque são indissociáveis. Tivemos que fechar o empreendimento para preservar a saúde dos nossos funcionários e hóspedes.



Schettini: O Sr. é a favor da abertura de quais setores?

Fernando Marcondes de Mattos: Permitir que a indústria opere normalmente para preservar empregos e não romper as cadeias produtivas, submetida a padrões sanitários adequados. O que se aplica também aos hotéis, bares e restaurantes, com limite máximo de ocupação e afastamento satisfatório entre as mesas. Idem para as empresas de serviço incluindo os autônomos e informais. O comércio também, de modo geral, com regras bem definidas de funcionamento, respeitando os requerimentos sanitários.

Ao mesmo tempo, devemos isolar a população com mais de 60 anos e aqueles com doenças pré-existentes; proibir a realização de eventos com mais de 10 pessoas até 30 de maio próximo; investir tudo que se tem e o que não se tem na expansão da capacidade de resposta, atendimento e tratamento do sistema de saúde, incluindo a aquisição de máscaras, ventiladores e equipamentos; assim como prover um atendimento especial às áreas mais carentes da sociedade.



Schettini: Se a pandemia não chegar ao seu desastre total, como deve fazer para diminuir seu impacto?

Fernando Marcondes de Mattos: Acredito que abril e maio serão os meses críticos, que em junho o avião começa a ligar as turbinas e que em julho comece a correr na pista já com as rodas dianteiras levantadas.

Por razão das circunstâncias, o presidente Bolsonaro teve que entregar para Paulo Guedes um poder que nenhum outro ministro conseguiu em momento algum no Brasil. Paulo Guedes, por sua vez, cercou-se de um time que lembra a Seleção Brasileira de 1970. Com essas condições, o governo consegue realizar uma gestão de alta eficiência. É o que já está ocorrendo nestas três primeiras semanas de crise.


Schettini: O mundo vai viver o maior desastre econômico de todos os tempos. Qual ser humano vai sair disso?

Fernando Marcondes de Mattos: A solidariedade estará mais presente nas relações entre pessoas e, principalmente, entre empresas e funcionários. Há algum tempo defendo para Florianópolis a seguinte bandeira: Prosperidade com inclusão social.

É inaceitável que tenhamos um país dividido: entre os que têm e os que não têm. Temos também que avançar no caminho da valorização do ser humano, principalmente na relação entre empregador e empregado.

Outra exigência será a busca por padrões sanitários mais adequados, e isso alcança em cheio os hotéis, bares e restaurantes, mas também coloca em xeque a realização de eventos como carnaval de rua, que reúne milhões de pessoas em condições sanitárias precárias e adversas.

Para mim acabou o carnaval de rua no Brasil, ficando apenas os desfiles das escolas de samba, com severo regulamento. Certamente, festas como a Oktoberfest deverão ser reprogramadas.



Schettini: O Sr. é do grupo de risco, o que tem feito para se proteger?

Fernando Marcondes de Mattos: Devido aos meus 81 anos, estou em prisão domiciliar com minha mulher.


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